Hoje se estivesse vivo o Grande compositor e pianista Waldemar Henrique estaria completando 106 anos. Waldemar Henrique passou sua infância na cidade de Porto, Portugal. Voltou-se para a música quando retornou ao Brasil. Em Belém em 1918 estudou solfejo e piano. Filho de um descendente de Portugueses e uma índia. Viajou pelos interiores da Amazônia aonde teve contato com as lendas e cultura da Amazônia, que seriam mais tarde traço de sua obra musical. Estudou teoria musical e tornou-se maestro. Fez do Teatro da Paz sua morada e suas composições um verdadeiro fascínio da poesia. Segue abaixo uma linda composição do grande Magister da Amazônia.
Que meu amor me queira bem
Que meu amor seja só meu, de mais ninguém
Que seja meu, todinho meu, de mais ninguém
Tamba-Tajá me faz feliz
Assim o índio carregou
Sua macuxi
Para o roçado, para a guerra, para a morte
Assim carregue o nosso amor à boa sorte
Tamba-Tajá...
Que ninguém mais possa beijar o que beijei
Que ninguém mais escute aquilo que escutei
Nem possa olhar dentro dos olhos que olhei
Tamba-Tajá...
Tamba-Tajá é uma lenda Amazônica sobre o amor de dois índios de tribos inimigas.Existia, certa vez, um casal de índios tão apaixonados como nunca houvera naquela região. Uiná, belo e corajoso guerreiro da tribo Taulipang e Acami, linda cunhã da tribo Macuxi. Acontece que as duas tribos eram inimigas, o que tornava o amor impossível. Entretanto, os jovens índios enfrentaram os costumes porque seu amor era muito maior que preconceitos.
Praticamente expulsos de suas tribos, foram morar do outro lado do rio Tucutu, onde viviam uns parentes do índio. E nunca se separavam: se ele ia pescar, ela ia também; se ela ia banhar-se, ele ia também, se ele ia para a roça ou caçar, ela ia também. Mas a felicidade do casal não iria durar muito. Acami ficou grávida e seu filho nasceu morto. Ficou tão fraca que não conseguia caminhar direito, até o dia em que não conseguia mexer as pernas. Uiná então recolheu talos de palmeiras e gravetos e fez uma espécie de maca. Todo o dia amarrava Acami à maca e a carregava em suas costas onde quer que fosse.
Certo dia saíram pelo campo e não voltaram. Alguns foram à procura do casal e, só depois de muitos dias, encontraram: o arco, as flechas e o perequeté (sandália usada pelos índios para andar nas matas) do índio: a tanga, os brincos e as pulseiras da índia. Entretanto, também ao redor desses pertences, encontraram moitas de um verde brilhante que jamais haviam visto. Do corpo da índia e do companheiro, teria nascido aquela planta. Era o Tambatajá. Suas folhas eram duplas, em cima, a folha maior, representando Uiná e sob ela, uma folha menor, no formato de um órgão sexual feminino, representando Acami.
Foi assim que nasceu o Tambatajá. A população amazônica ribeirinha acredita que a planta age como um amuleto do amor. O Tamabatajá é o real, é o concreto dessa lenda do amor impossível de ser superado quer na vida ou na morte. Um amor que, como a planta Tambatajá, é mortal, mas, ao mesmo tempo, é imortal porque continua renascendo.
Uiná e Acami não morrem. Transfiguram-se ao renunciarem à vida para gerar o Tambatajá, planta que nasce e renasce em sucessivos rebrotar. A representação do amor pelo Tambatajá não é de uma figura isolada de homem, ou de mulher, mas a reunião do casal numa unidade.
Mais do que o amor rebelde de Romeu e Julieta separados pela morte, os amantes indígenas dessa lenda amazônica encarnam um amor que vence a morte.
Uiná e Acami não morreram vivem para sempre encantados no Tambatajá.
FONTES:
Livro - "Cultura Amazônica " – de João de Jesus Paes Loureiro; e
alguns sites.
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