segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Grande é a poesia (2)




Gosto da poesia; de senti-la de uma forma indescritível. Ela é um tipo de sentimento que me deixa em êxtase. Leva-me para um mundo encantado dos sonhos. Como se fosse à descoberta de um outro mundo; um mundo que os pássaros, as flores, o luar, e o sol são grandes poetas, que me ensinar a viver à vida de uma forma esplêndida, que transcende a alma. Faz-me viver. È um verdadeiro desmaio do amor; sinto alucinações e posso vê-la a tocar-me.


Tenho esse sentimento dentro de mim, à poesia deixa o meu coração insano. Eu há amo demasiadamente, é um amor de suprema felicidade. Não saberia viver, sem esse ilustre sentimento. Para mim, poesia é vida, respiração, e amor. Ela me causa anseios íntimos que me deixa maravilhada a cada verso, a cada estrofe.


Está é uma confissão de amor. Amo a poesia; sou sua serviçal, como uma mucama a servi-la e mimar-la. Serei sempre, sempre e sempre sua eterna aprendiz.

Beijos e Abraços :)

Grande é a poesia !

Minhas escritas tortas um tanto plausível .

O amor é uma ilusão
Que transcende um sonho da imaginação
Deixa-nos sem razão
O amor é o senhor da emoção
Um almirante louco do coração
Para aquele que ama sem dimensão.

Beijos a todos :)

sábado, 27 de novembro de 2010

Definitivo.



Definitivo, como tudo o que é simples.
Nossa dor não advém das coisas vividas,
mas das coisas que foram sonhadas e não se cumpriram.

Sofremos por quê? Porque automaticamente esquecemos
o que foi desfrutado e passamos a sofrer pelas nossas projeções
irrealizadas, por todas as cidades que gostaríamos de ter conhecido ao lado
do nosso amor e não conhecemos, por todos os filhos que gostaríamos de ter
tido junto e não tivemos,por todos os shows e livros e silêncios que
gostaríamos de ter compartilhado,
e não compartilhamos.
Por todos os beijos cancelados, pela eternidade.

Sofremos não porque nosso trabalho é desgastante e paga pouco, mas por todas
as horas livres que deixamos de ter para ir ao cinema, para conversar com um
amigo, para nadar, para namorar.

Sofremos não porque nossa mãe é impaciente conosco, mas por todos os
momentos em que poderíamos estar confidenciando a ela nossas mais profundas
angústias se ela estivesse interessada em nos compreender.

Sofremos não porque nosso time perdeu, mas pela euforia sufocada.

Sofremos não porque envelhecemos, mas porque o futuro está sendo
confiscado de nós, impedindo assim que mil aventuras nos aconteçam,
todas aquelas com as quais sonhamos e nunca chegamos a experimentar.

Por que sofremos tanto por amor?
O certo seria a gente não sofrer, apenas agradecer por termos conhecido uma
pessoa tão bacana, que gerou em nós um sentimento intenso e que nos fez
companhia por um tempo razoável,um tempo feliz.

Como aliviar a dor do que não foi vivido? A resposta é simples como um
verso:

Se iludindo menos e vivendo mais!!!
A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida
está no amor que não damos, nas forças que não usamos,
na prudência egoísta que nada arrisca, e que, esquivando-se do
sofrimento,perdemos também a felicidade.

A dor é inevitável.
O sofrimento é opcional...

Carlos Drumond de Andrade.

Felicidade de fato é indescritível.

Eu aprendi que a felicidade é algo indescritível, e com ela vale a pena viver apesar de todos os períodos de crise.
Felicidade pra mim; é algo inefável, pois ser feliz é brincar de ser uma eterna criança, sem se preocupar com o futuro. Apenas sonhar, porque sonhar não custa nada.
Ser feliz é agradecer a Deus pelas graças alcançadas
Ser Feliz é poder fazer o bem ao próximo
É receber um abraço bem forte
É saber encontrar à alegria na alegria dos outros
Ser feliz é ri das piadas mais tocas;
Ser feliz é encontrar força no perdão, esperança nas batalhas, e segurança no amor.
Ser feliz é receber um lindo sorriso
É fechar os olhos, e viajar no seu próprio ser.
E não ter medo dos seus próprios sentimentos, e saber falar de si sem se preocupar com as criticas.
É mergulhar no seu próprio oceano sem ter medo de ser afogar.
É ter coragem pra dizer: “eu errei”, e ter ousadia pra dizer “dei-me um beijo mais ofegante”.
É fazer as mais loucas loucuras sem se arrepender
É ser sempre um eterno aprendiz, sempre, sempre e sempre !                                                                                 

Ser feliz nos consome de uma forma magnífica, então não tenha medo de ser feliz.
Deixe-a entrar, e lhe possuir de uma forma esplêndida.


Beijos !

sábado, 20 de novembro de 2010

Uma declaração para o Amor:

Escrevo;

Essas pequenas palavras
Para dizer, que o amor.
É algo inexorável em nossas vidas
E que sem ele
Tornar-nos-íamos, em pessoas aflitas.
E seco de coração.

Esperando um mundo melhor...

Estou cada vez mais convencia que o mundo em que eu vivo é feio e triste. E a única coisa que me faz ter orgulho de fazer parte desse mundo é a natureza e a cultura de minha terra. Infelizmente essa semana aconteceu algo muito triste, que não vale a pena ser exposto aqui.  Na quinta-feira, dia 18 de novembro; tive a certeza que as pessoas estão cada vez mais desumanas e a atrocidade está dominando os seus corações. Não consigo entender como as pessoas podem ser tão secas de corações, de almas obscuras, e não conseguir amar os seus semelhantes. Deus nos dá um mundo maravilhoso cheio de encantos e fascínios e em troca, a recompensa que damos a ele é: Ódio, desumanidade, egocentrismo, etnocentrismo, e um “animalesco” sem dimensão.


O que está acontecendo com o sabor da bondade? Nos tempos hodiernos as pessoas são emburradas, tristes com a vida e fazem coisas ignóbeis tão naturalmente, que no meu entender de ver as coisas, se tornou tão normal. Sócrates afirmava que o conhecimento do homem em si mesmo se implicar nas próprias faltas e carências. Mas as pessoas estão cada vez mais egocêntricas, pensam só nelas. Sócrates é uns dos mais importantes mestres da filosofia, com ele aprendi a ser mais humana e ter carinhos aos meus semelhantes, à magistratura socrática se resumia em um único sentimento: O amor. Sem dúvida, a maiêutica socrática é uma forma de desvelar a virtude que esta dentro de cada ser humano. E a bondade faz parte desse desvelamento.

As pessoas têm que aprender a sentir amor e serem humildes em suas atitudes. Esse bem não pode ficar adormecido e esquecido, temos que reagir-lo para o mundo. Temos que buscar a virtude humana em nossa alma e purificá-la de todos os males que existe. Aristóteles ponderava que o bem é algo atingível. Entretanto não é fácil, agir bem e tanto raro como nobre e louvável. Felizes aqueles que têm amor pelos seus semelhantes, que apesar de todos os períodos de crises e incompreensões, reconhece que vale a pena ajudar os outros, independente de raça, religião, etnia, etc.

Eu sou sonhadora, e sonho sempre em um mundo melhor. Mas esse sonho está ser tornando inatingível. Queria poder fazer que nem Yacoub, subir em um banco de praça e começar a contar-lhes os contos mais esplêndidos de todos. Como na história de Yacoub, o plano também fracassa. Não deu certo porque as pessoas não estão mais a procura da suprema felicidade e são triste de coração. São pessoas que, por mais as coisas acontecem, se recusam a mudar. Acham que não pode existir coisas mais maravilhosas do que o jeito delas serem, e o destino destas pessoas são triste.

Enfim, mudando o rumo da história:
Enquanto o mundo não muda, sei que sempre haverá uma luz no fim do túnel. Então como ela ainda não chegou, vou contar historias para mim mesmo, assim o mundo não vai mudar-me. Irei me afundar em livros e mais livros, não para ter só conhecimento. E sim para acreditar que o mundo em que eu vivo é o mundo dos contos mais prodígios.

Caros leitores, este texto é um desabafo sobre o fato ocorrido na quinta. Neste dia tive a certeza que pessoas de coração seco existem. Fiz esse texto com o afinco de retrata o que eu sentir ao passar por essa situação triste. Mas como diz o ditado: “Há males que vem para o bem”

Ontem, encontrei a Gisele (professora de literatura do curso de letras), exemplo de humildade no coração. Eu não há vi, ela mesmo veio falar comigo “Eu quero um abraço” Disse ela, com aquela voz meiga. Nossa o ocorrido de quinta desapareceu de forma ligeira. Pessoas como ela, me faz acreditar que o mundo pode mudar.


Tchau:

Irei morar em um livro.

Beijos e Abraços aos humildes de corações.


Referências:

ARISTÓTELES.  Ética a Nicômaco. In: Martin Claret. São Paulo, 2008

SÓCRATES. Sócrates, homem conhece-te a ti mesmo. In: Martin Claret. São Paulo, 2008

GOUGAUD Henri. O contador de histórias. In: Gradiva. A Arvore dos tesouros. Lisboa, 1988


sexta-feira, 19 de novembro de 2010

.

“O sábio deve, antes de tudo, preocupar-se com o bem agir e não com o resultado da sua ação. O sábio não deve agir tendo em mira tais resultados, mas sim porque a ação virtuosa tem um valor intrínseco e realiza a purificação da alma e a satisfação íntima, que constituem o verdadeiro êxito. (Sócrates)”.


“Toda a arte e toda investigação, bem como toda a ação e toda escolha visam a um bem qualquer, ou melhor, ao sumo bem” (Aristóteles: Ética a Nicômaco).


Desculpe a ausência caros leitores, o curso está tomando muito o meu tempo. Provas, seminários, resenhas. Não tenho tempo para mais nada, apenas para estudos e mais estudos. Rsrsrsrs

Amanha postarei sobre as pessoas de alma obscura, secas de coração. Estou terminando o texto, essa duas citações que eu coloquei está tudo entrelaçado do que irei aborda no dia seguinte.

Beijos e um forte abraço para aqueles humildes de corações.


segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Tabacaria...



Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.
Janelas do meu quarto,
Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é
(E se soubessem quem é, o que saberiam?),
Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,
Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,
Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,
Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres,
Com a morte a por umidade nas paredes e cabelos brancos nos homens,
Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada.
Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade.
Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer,
E não tivesse mais irmandade com as coisas
Senão uma despedida, tornando-se esta casa e este lado da rua
A fileira de carruagens de um comboio, e uma partida apitada
De dentro da minha cabeça,
E uma sacudidela dos meus nervos e um ranger de ossos na ida.
Estou hoje perplexo, como quem pensou e achou e esqueceu.
Estou hoje dividido entre a lealdade que devo
À Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora,
E à sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro.
Falhei em tudo.
Como não fiz propósito nenhum, talvez tudo fosse nada.
A aprendizagem que me deram,
Desci dela pela janela das traseiras da casa.
Fui até ao campo com grandes propósitos.
Mas lá encontrei só ervas e árvores,
E quando havia gente era igual à outra.
Saio da janela, sento-me numa cadeira. Em que hei de pensar?
Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou?
Ser o que penso? Mas penso tanta coisa!
E há tantos que pensam ser a mesma coisa que não pode haver tantos!
Gênio? Neste momento
Cem mil cérebros se concebem em sonho gênios como eu,
E a história não marcará, quem sabe?, nem um,
Nem haverá senão estrume de tantas conquistas futuras.
Não, não creio em mim.
Em todos os manicômios há doidos malucos com tantas certezas!
Eu, que não tenho nenhuma certeza, sou mais certo ou menos certo?
Não, nem em mim...
Em quantas mansardas e não-mansardas do mundo
Não estão nesta hora gênios-para-si-mesmos sonhando?
Quantas aspirações altas e nobres e lúcidas -
Sim, verdadeiramente altas e nobres e lúcidas -,
E quem sabe se realizáveis,
Nunca verão a luz do sol real nem acharão ouvidos de gente?
O mundo é para quem nasce para o conquistar
E não para quem sonha que pode conquistá-lo, ainda que tenha razão.
Tenho sonhado mais que o que Napoleão fez.
Tenho apertado ao peito hipotético mais humanidades do que Cristo,
Tenho feito filosofias em segredo que nenhum Kant escreveu.
Mas sou, e talvez serei sempre, o da mansarda,
Ainda que não more nela;
Serei sempre o que não nasceu para isso;
Serei sempre só o que tinha qualidades;
Serei sempre o que esperou que lhe abrissem a porta ao pé de uma parede sem porta,
E cantou a cantiga do Infinito numa capoeira,
E ouviu a voz de Deus num poço tapado.
Crer em mim? Não, nem em nada.
Derrame-me a Natureza sobre a cabeça ardente
O seu sol, a sua chava, o vento que me acha o cabelo,
E o resto que venha se vier, ou tiver que vir, ou não venha.
Escravos cardíacos das estrelas,
Conquistamos todo o mundo antes de nos levantar da cama;
Mas acordamos e ele é opaco,
Levantamo-nos e ele é alheio,
Saímos de casa e ele é a terra inteira,
Mais o sistema solar e a Via Láctea e o Indefinido.
(Come chocolates, pequena;
Come chocolates!
Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates.
Olha que as religiões todas não ensinam mais que a confeitaria.
Come, pequena suja, come!
Pudesse eu comer chocolates com a mesma verdade com que comes!
Mas eu penso e, ao tirar o papel de prata, que é de folha de estanho,
Deito tudo para o chão, como tenho deitado a vida.)
Mas ao menos fica da amargura do que nunca serei
A caligrafia rápida destes versos,
Pórtico partido para o Impossível.
Mas ao menos consagro a mim mesmo um desprezo sem lágrimas,
Nobre ao menos no gesto largo com que atiro
A roupa suja que sou, em rol, pra o decurso das coisas,
E fico em casa sem camisa.
(Tu que consolas, que não existes e por isso consolas,
Ou deusa grega, concebida como estátua que fosse viva,
Ou patrícia romana, impossivelmente nobre e nefasta,
Ou princesa de trovadores, gentilíssima e colorida,
Ou marquesa do século dezoito, decotada e longínqua,
Ou cocote célebre do tempo dos nossos pais,
Ou não sei quê moderno - não concebo bem o quê -
Tudo isso, seja o que for, que sejas, se pode inspirar que inspire!
Meu coração é um balde despejado.
Como os que invocam espíritos invocam espíritos invoco
A mim mesmo e não encontro nada.
Chego à janela e vejo a rua com uma nitidez absoluta.
Vejo as lojas, vejo os passeios, vejo os carros que passam,
Vejo os entes vivos vestidos que se cruzam,
Vejo os cães que também existem,
E tudo isto me pesa como uma condenação ao degredo,
E tudo isto é estrangeiro, como tudo.)
Vivi, estudei, amei e até cri,
E hoje não há mendigo que eu não inveje só por não ser eu.
Olho a cada um os andrajos e as chagas e a mentira,
E penso: talvez nunca vivesses nem estudasses nem amasses nem cresses
(Porque é possível fazer a realidade de tudo isso sem fazer nada disso);
Talvez tenhas existido apenas, como um lagarto a quem cortam o rabo
E que é rabo para aquém do lagarto remexidamente
Fiz de mim o que não soube
E o que podia fazer de mim não o fiz.
O dominó que vesti era errado.
Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me.
Quando quis tirar a máscara,
Estava pegada à cara.
Quando a tirei e me vi ao espelho,
Já tinha envelhecido.
Estava bêbado, já não sabia vestir o dominó que não tinha tirado.
Deitei fora a máscara e dormi no vestiário
Como um cão tolerado pela gerência
Por ser inofensivo
E vou escrever esta história para provar que sou sublime.
Essência musical dos meus versos inúteis,
Quem me dera encontrar-me como coisa que eu fizesse,
E não ficasse sempre defronte da Tabacaria de defronte,
Calcando aos pés a consciência de estar existindo,
Como um tapete em que um bêbado tropeça
Ou um capacho que os ciganos roubaram e não valia nada.
Mas o Dono da Tabacaria chegou à porta e ficou à porta.
Olho-o com o deconforto da cabeça mal voltada
E com o desconforto da alma mal-entendendo.
Ele morrerá e eu morrerei.
Ele deixará a tabuleta, eu deixarei os versos.
A certa altura morrerá a tabuleta também, os versos também.
Depois de certa altura morrerá a rua onde esteve a tabuleta,
E a língua em que foram escritos os versos.
Morrerá depois o planeta girante em que tudo isto se deu.
Em outros satélites de outros sistemas qualquer coisa como gente
Continuará fazendo coisas como versos e vivendo por baixo de coisas como tabuletas,
Sempre uma coisa defronte da outra,
Sempre uma coisa tão inútil como a outra,
Sempre o impossível tão estúpido como o real,
Sempre o mistério do fundo tão certo como o sono de mistério da superfície,
Sempre isto ou sempre outra coisa ou nem uma coisa nem outra.
Mas um homem entrou na Tabacaria (para comprar tabaco?)
E a realidade plausível cai de repente em cima de mim.
Semiergo-me enérgico, convencido, humano,
E vou tencionar escrever estes versos em que digo o contrário.
Acendo um cigarro ao pensar em escrevê-los
E
saboreio no cigarro a libertação de todos os pensamentos.
Sigo o fumo como uma rota própria,
E gozo, num momento sensitivo e competente,
A libertação de todas as especulações
E a consciência de que a metafísica é uma consequência de estar mal disposto.
Depois deito-me para trás na cadeira
E continuo fumando.
Enquanto o Destino mo conceder, continuarei fumando.
(Se eu casasse com a filha da minha lavadeira
Talvez fosse feliz.)
Visto isto, levanto-me da cadeira. Vou à janela.
O homem saiu da Tabacaria (metendo troco na algibeira das calças?).
Ah, conheço-o; é o Esteves sem metafísica.
(O Dono da Tabacaria chegou à porta.)
Como por um instinto divino o Esteves voltou-se e viu-me.
Acenou-me adeus, gritei-lhe Adeus ó Esteves!, e o universo
Reconstruiu-se-me sem ideal nem esperança, e o Dono da Tabacaria sorriu.

Álvaro de Campos, 15-1-1928 -( Heterônimo de Fernando Pessoa)


Fernando Pessoa é o poeta que eu mais admiro, seus poemas são verdadeiros fascínios para misteriosa literatura...



sábado, 13 de novembro de 2010

Planos de Papel .


"Nunca é tarde demais pra começar tudo de novo"(Raul Seixas)
Planos De Papel
Raul Seixas

Deus eu passo os sete dias úteis
traçando nove dias fúteis
fazendo planos de papel
em quartos cinzas de aluguel
e vou dormir
entre as paredes do Hotel do Sossego
meu amor

Sim, no contracanto do meu leito
guardo um punhal cravado ao peito
tingindo a cama e o lençol
por uma fresta me invade o sol
e eu vou deitar
entre as palmeiras desenhadas nos jornais
meu amor


Ah, mas que você espera de mim ?

Que o consumado eu vá repetir, não
Não, o que me importa nesse instante
é esse não me importar constante
é esse sorriso que eu guardei
nessa gaveta, a qual fechei
pra mim dormir
com a cabeça no lugar que eu deixei

Grande e Ilustre Rauzito Seixas !

Beijos :)

Medo do desconhecido

“Então isso era a felicidade. E por assim dizer sem motivo. De início se sentio vazia. Depois os olhos ficaram úmidos: era felicidade, mas como sou mortal, como o amor pelo mundo me transcende. O amor pela vida mortal a assassinava docemente, aos poucos. E o que é que eu faço? Que faço da felicidade? Que faço dessa paz estranha e aguda, que já está começando a me doer como uma angústia, como um grande silêncio? A quem dou minha felicidade, que já está começando a me rasgar um pouco e me assustar? Não. Não quero ser feliz. Prefiro a mediocridade. Ah, milhares de pessoas não têm coragem de pelo menos prolongar-se um pouco mais nessa coisa desconhecida que é sentir-se, e preferem a mediocridade.”


Clarice ;)

Uma declaração de amor ...

.Um pouco de Clarice para vocês caros leitores !

"Esta é uma confissão de amor: amo a língua portuguesa. Ela não é fácil. Não é maleável. E, como não foi profundamente trabalhada pelo pensamento, a sua tendência é a de não ter sutilezas e de reagir às vezes com um verdadeiro pontapé contra os que temerariamente ousam transformá-la numa linguagem de sentimento e de alerteza. E de amor. A língua portuguesa é um verdadeiro desafio para quem escreve. Sobretudo para quem escreve tirando das coisas e das pessoas a primeira capa de superficialismo.

Às vezes ela reage diante de um pensamento mais complicado. Às vezes se assusta com o imprevisível de uma frase. Eu gosto de manejá-la – como gostava de estar montada num cavalo e guiá-lo pelas rédeas, às vezes lentamente, às vezes a galope.

Eu queria que a língua portuguesa chegasse ao máximo nas minhas mãos. E este desejo todos os que escrevem têm. Um Camões e outros iguais não bastaram para nos dar para sempre uma herança da língua já feita. Todos nós que escrevemos estamos fazendo do túmulo do pensamento alguma coisa que lhe dê vida.

Essas dificuldades, nós as temos. Mas não falei do encantamento de lidar com uma língua que não foi aprofundada. O que recebi de herança não me chega.

Se eu fosse muda, e também não pudesse escrever, e me perguntassem a que língua eu queria pertencer, eu diria: inglês, que é preciso e belo. Mas como não nasci muda e pude escrever, tornou-se absolutamente claro para mim que eu queria mesmo era escrever em português. Eu até queria não ter aprendido outras línguas: só para que a minha abordagem do português fosse virgem e límpida."

LISPECTOR Clarice. Declaração de Amor. In: A Descoberta do mundo.Rio De Janeiro: Rocco,1999. p.100-101.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Uma declaração a Literatura !





Ensejo dizer,

Que a literatura
Pra mim; é vida...
E sem ela a minha vida
Seria uma eterna aflição .





...

sábado, 6 de novembro de 2010

O contador de Histórias ...

Essa linda história, que irei contar para vocês; foi à história mais bonita e encantadora que eu já li e ouvi. È a história de Yacoub, um homem que quer mudar o mundo. Vamos a essa linda história.


Yacoub era pobre, mas despreocupado e feliz, livre como um pássaro, sonhando sempre cada vez mais alto. Em boa verdade estava apaixonado pelo mundo. Porém, o mundo à sua volta parecia-lhe sombrio, brutal, seco de coração, de alma obscura, e ele sofria com isso, pensou:

-Como? Fazer com que seja melhor? Como trazer à bondade estes tristes que vão e vem sem olhares para os seus semelhantes?

Ruminava estas perguntas pela Rua Presidente Vargas, vagueando e saudando as pessoas que, no entanto, não lhe respondiam.

Ora, uma manhã, quando atravessava uma praça cheia de sol, teve uma idéia:
-E se lhes contasse histórias? Pensou, “Assim, eu, que conheço o sabor do amor e da beleza, ajuda-los certamente a encontrar a felicidade”. Pôs-se em cima de um banco e começou a falar. Os velhos, as mulheres e as crianças, admirados, pararam um momento a ouvi-lo, mas depois lhe viraram as costas e prosseguiram o seu caminho.

Yacoub, achando que não podia mudar o mundo num dia, não perdeu a coragem. No dia seguinte voltou àquele mesmo lugar, e de novo lançou ao vento, com voz forte, as mais comoventes palavras. Outras pessoas pararam para ouvi-lo, mas em número menor do que na véspera. Alguns riram-se dele. Houve mesmo que lhe chamassem de louco, mas não quis prestar atenção. “As palavras que semeio germinarão”, pensou. “Um dia entrarão nos espíritos e acordaram. Tenho de falar, falar mais ainda”.

Terminou, pois, e dia após dia voltou à grande Praça da República para falar ao mundo, contar maravilhas, oferecer aos seus semelhantes o amor que sentia. Todavia, os curiosos tornaram-se cada vez, mais raros, desapareceram quase todos e, em breve, apenas falava para as nuvens, o vento e as silhuetas apressadas, que já só lhe lançavam uma olhadela de espanto à medida que passavam. No entanto, não desistiu.

Descobriu que não sabia nem desejava fazer outra coisa que não fosse contar histórias, mesmo que estas não interessassem a ninguém. Começou a dizer-las de olhos fechados, pela única felicidade de ouvi-las, sem se preocupar em ser ouvido. Sentiu-se bem a partir dali só falava assim: de olhos fechados. As pessoas, temendo relacionar-se com as suas extravagâncias, deixaram-no só, com as suas histórias, e habituaram-se, assim que ouviam a sua voz lançada ao vento, a evitar a esquina da praça onde Yacoub se encontrava.

Assim anos foram passando. Ora, numa noite de inverno, enquanto -sob um crepúsculo indiferente- contava um conto prodigioso, sentiu alguém o puxava por uma manga. Abriu os olhos e viu uma criança, que, fazendo uma careta engraçada, lhe disse, esticando-se nas pontas dos pés:

-Não vez que ninguém te ouve, nunca te ouviram e jamais te ouvirá? O que te levou a viveres assim a vida?

-Estava louco de amor pelos meus semelhantes- respondeu Yacoub – E foi por isso que, no tempo em que ainda não eras nascido, me vieram os desejos de torná-los felizes.

A criança respondeu:

- Pois bem, pobre louco, e eles são-no?
-Não-Disse Yacoub, abanado a cabeça.
-Por que razão teimas então? – perguntou ternamente a criança, tomada de repentina piedade.

Yacoub refletiu por instantes.
- Eu conto sempre, é claro, e contarei até morrer-disse. – Dantes, contava para mudar o mundo.

Calou-se; depois o seu olhar iluminou-se, e acrescentou:

- HOJE, CONTO PARA QUE O MUNDO NÃO MUDE, A MIM.

Permita-me dizer que esse conto e o melhor de todos que eu já li. As circunstância que o mundo se encontra
 só resta-me isso contar historias para que o mundo não me mude.

Fiz algumas adaptações na história original. “A história faz parte da árvore dos tesouros, do autor Henri Gougaud".

Beijos



sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Não impeça uma criança de sonhar...

Ontem vendo o jornal da globo, assistindo à atrocidade que aconteceu em Goiânia. Ao ver a reportagem eu chorei de raiva e pena daquelas pobres criaturas indefesas sendo maltratadas e torturadas sem o direito de defesa. Não consigo admitir, muito menos aceitar que possam existir pessoas tão cruéis nesse mundo. E inadmissível e desumano, não sei nem o que comentar, estou perplexa com fato. É muita maldade meu Deus, essa pessoa é um ser irracional, um monstro.



WÃNKÕ FIANDEIRA


Oiie meus amores!

Uma novidade...
Estou estudando para virar contadora de histórias, falar sobre lendas pra mim é um verdadeiro encantamento, sou amante da cultura indígena com muito orgulho. Amo cada detalhe, todos os gestos,sua forma de preserva a natureza, os rituais enfim tudo.

Bem essa lenda é das tribos Palikur, Paikwenê, Parikoré, falantes do tupi-guarani. Eu á retirei no site do boi caprichoso. Aliás o site é deslumbrante, as toadas são verdadeiros poemas da Amazônia.

Vamos à lenda :

“Outrora em tempos remotos viviam nos vales de Yama-Kinã os índios Palikur, desfrutando de florestas fartas em caças e águas abundantes em peixes.

Perto
da tribo dos palikur existia um lugar sagrado e misterioso, território onde nenhum índio jamais poderia adentrar, pois, diziam os antigos, que existia neste local, um portal para reino das divindades.

Um dia toda a tribo decidiu migrar e fixar uma nova morada, então construíram em seu novo território uma grande maloca, com tamanho suficiente para abrigar toda a tribo. Contudo eles se mudaram para o território sagrado, sem imaginar que, com isso, estariam profanando terras sagradas, terras dignas apenas aos deuses.

Poráh, o deus criador e transformador dos Palikur, ao ver que terras sagradas foram profanadas pelos seus filhos, se encheu de fúria e, ao escurecer, lançou sobre eles a terrível maldição dos olhos da noite. Os índios carregariam na pele, para sempre, a marca desta maldição.

No amanhecer os índios ficaram atônicos, sem nada entender, sua grande maloca estava em outro lugar, um lugar desconhecido, sombrio, estranho e tomado por uma escuridão assustadora. Então o velho pajé lhes revelou o que acontecera durante a lua passada.

Ao cair da noite um vento uivante tomou conta da floresta, a grande maloca tomou um ar mágico, as palhas caranás que a cobriam começaram a arrepiar em um movimento estranho, transformando-se em ferrões e setas de peçonha, os grandes esteios fixados ao chão tornaram-se pernas e garras gigantescas, as redes onde os índios dormiam se tornaram uma espécie de casulos pendurados no auto das cumieiras e onde todos sofreram metamorfoses.

Então a grande maloca se ergueu e levantou tomando a forma de um grande ser, era Wãnkô Fiandeira, ser mitológico dos Palikur, a rainha das aranhas.
Nesse momento as redes casulos eclodiram dando origem às suas crias: Tarântulas negras, caranguejeiras.
Saltaram das gretas do solo aranhas armadeiras e vorazes viúvas negras.
Das teias dos fios de sedas encantados desceram pavorosas caçadoras fiandeiras, camufladas na mata escura.

A maldição de poráh transformou-os nas tribos de aranhas e os juntou à mãe Wãnkõ, condenando-os a vagarem errantes na escuridão da noite, em busca de almas na sombria floresta dos Paricoré.

Até hoje os jovens índios palikur após o ritual de iniciação carregam no braço esquerdo a tatuagem da marca dos olhos da noite a marca da aranha, sendo para sempre filhos de Wãnkõ-Fiandeira"


Glossário:
Palikur: Tribo indígena localizada dos vales da Guiana francesa, Amapá, e porção da Amazônia.
Maloca: habitação típica indígena, grande choça coberta de palhas secas.
Poráh : Deus criador e transformador das tribos Palikur, Paikwenê, Parikoré.

Beijos.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Um sonho de amor...





Sonhei que te amava.
Era o beijo mais quente.
O sexo mais intenso.
O Desejo mais ardente...

Bendito seja Eros.
Que criou amor...
Quero-te, e almejo o teu corpo.

Tua inteligência me encanta.
Tua voz me deixa em êxtase.
Adoro o jeito que me tocas.
E nas minhas fantasias.
Eu penso em você o tempo todo.

Eu estou tão acorrentada nesse seu amor.
Deixe-me ir, me deixe respirar.
Saia das minhas fantasias.
E me deixe livre sem suplício...




"Erotismos não e vulgaridade em nem um momento, A diferença entre sensualidade e vulgaridade corresponderia respectivamente à ousadia erótica e pornográfica. Podemos entender o erotismo, o estilo sensual, como um fenômeno indireto, de caráter ambíguo, como uma translucidez, a abertura insinuada e não revelada por inteiro. Por outro lado, a pornografia, o decurso vulgar, é o comportamento direto, de característica indubitável, como a transparência total, inteiramente declarada."

Os dois níveis são excitantes, mas os que preferem o critério de exibição explícita e resoluta limitam as abstrações. Quem se delicia com a ação erótica, mais velada, duvidosa, expande a subjetividade. Acho bem interessante à literatura erótica, pois retrata de forma bem original a sociedades e seus pudores. Nelson Rodrigues com vestido de noiva e Mario Donato com presença de Anita. São autores consagrados que retratam essa forma de ver a sociedade sem pudores com sarcasmos e muito erotismo.

Então, por favor, não pense que este poema é algo vulgar, pois seria uma verdadeira alienação de tal assunto.

OBs :  Não tem nada de pessoal, há não ser o sentimento da poesia. O poema eu fiz retratado em um conto que eu li . Beijos.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Meus momentos de reflexão ....

Eu aprendi com a escola da vida que agente tem que saber esperar.
Eu aprendi com a escola da vida que agente tem que se gostar em primeiro lugar
Eu aprendi com a escola da vida que nada é pra sempre, mas podemos fazer aquele momento a nossa experiência de vida.
Eu aprendi com a escola da vida que a vida não se brinca, pois um dia se morre.
Eu aprendi com a escola da vida que tudo que é pra ser nosso ninguém tira.
Eu aprendi com a escola da vida que os nossos melhores amigos não são aqueles que estão contigo no melhores momentos, mas sim nos piores.
Eu aprendi com a escola da vida que temos vários tipos de amizades, mas há uma mais importante, a da família, pois só ela te conforta e te entende.
Eu aprendi com a escola da vida, que nem tudo cai do céu se queremos alguma coisa temos que lutar como guerreiros e nunca DESISTIR.
Eu aprendi que os melhores amigos que podemos ter de fato são os livros, pois só eles são capazes de te levar pra qualquer lugar do mundo é só escolher ele te dá.
Às vezes sou tão paradoxal que concordo com a primeira e suprema lei de Pascal: A lei da contradição.
Não sei o que se passa em minha cabeça, para querer algo que ao mesmo tempo parece tão próximo e abstruso.
Talvez, eu precise de férias, ou me afundar em livros e mais livros para imaginar que o mundo que eu vivo não é esse e sim dos contos e fábulas.
Gosto de amar por completo, não sei amar pela metade.
Sou escorpiana, tenho o veneno mais poderoso o olhar mais misterioso.
Sou estultícia às vezes, mais tenho um coração enorme.
Amo demasiadamente tudo que eu tenho e honro por eles.
Sou louca por literatura, acho que é por isso que sou tão sonhadora, mas sonhar é melhor que nada.
Enfim, a escola da vida é a melhor escola que existe, pois ser FELIZ é ser autor da sua própria história.


Os livros são algo inefável em nossas vidas, pois com ele aprendemos a ter o conhecimento de mundo, Clarice, Machado, Eça, Sócrates, Guimarães Rosa, e entre outros... Eles são tudo pra mim J

Lygia Bonjunga Nunes – Livro: A troca

“Pra mim, livro é vida; desde muito pequena os livros me deram casa e comida.
Foi assim: eu brincava de construtora, livro era tijolo; em pé fazia parede; deitado, fazia degrau de escada;
inclinado, encostava um ao lado do outro fazia telhado.
E quando a casinha ficava pronta eu me espremia lá dentro pra brincar de morar em livro.
De
casa em casa eu fui descobrindo o mundo (de tanto olhar pras paredes).
Primeiro, olhando desenhos; depois, decifrando palavras.
Fui crescendo; e derrubei telhados com a cabeça.
Mas fui pegando intimidade com as palavras.
E quanto mais íntimas a gente ficava, menos eu ia me lembrando de consertar o telhado ou de construir novas casas.
Só por causa de uma razão: o livro agora alimentava a minha imaginação.
Todo dia a minha imaginação comia, comia e comia;
e de barriga assim cheia me levava pra morar no mundo inteiro: iglu, cabana, palácio, arranha-céu,
era só escolher e pronto, o livro me dava.
Foi assim que, devagarinho, me habituei com essa troca tão gostosa que - no meu jeito de ver as coisas -  é a troca da própria vida;  quanto mais eu buscava no livro, mais ele me dava.
Mas como a gente tem mania de sempre querer mais,
eu cismei de um dia alargar a troca: comecei a fabricar tijolo pra - em algum lugar -
uma criança juntar com outros e levantar a casa onde ela vai morar.”


Hoje o blog faz um mês , e eu muito feliz  ! :)  Beijooos .