domingo, 27 de fevereiro de 2011

O medo e risco da realização de um sonho educacional.

Lendo Medo e Ousadia do grande educador Paulo Freire com co-autoria com Ira Shor, que também é um grande crítico dos rumos da educação nos Estados Unidos. Repasso a vocês um pequeno fragmento sobre os temores que os educadores têm em querer uma educação mais libertadora que é retratado no capítulo dois do livro.
Paulo Freire.
“Falar sobre o medo é algo muito concreto. Isto é, o “medo” não é uma abstração. Em segundo lugar, creio que devemos saber que estamos falando sobre algo muito normal. Outro ponto de que me vem à mente neste momento, ao tentar abordar a questão, é que quando pensamos no medo, nessas situações, somos levados a refletir sobre a necessidade que temos de ser muito claro a respeito de nossas opções, o que, por sua vez exige certos tipos de procedimentos e práticas concretas, que, por sua vez, são as próprias experiências que provocam o medo. ” (Freire & Shor, 1986)
Para Freire, à medida que o educador tem mais clareza a respeito dos sonhos políticos e pedagógicos, o educador entende as razões pelas quais ele tem medo. Então sentir medo é normal, pois se sentimos medo é porque há uma manifestação de que estamos vivos, não tendo que esconder os temores. Mas o que eu não posso permitir é que o meu medo seja injustiçado, e que me mobilize. Se estou seguro do meu sonho, então uma das condições para continuar a ter esse sonho é não me mobilizar enquanto caminho para sua realização. Concordando com Freire, devemos ter a plena certeza que o medo é algo que vem dos sonhos seja ele político, ideológico, ou sentimental. É um sonho que você tem sobre a sociedade que você que fazer ou desfazer. Negar o medo é negar o sonho. Torna concreto o sonho é obrigar você a fazer experiências arriscadas, mas se você não passa por essas experiências, então não permite que seu sonho se torne real. Porque para o educador, quanto mais você reconhece que seu medo é a decorrência de pôr em pratica o seu sonho, mais você aprende.
A medida e a compreensão do medo e algo que não me diminui, mas que faz reconhecer que sou um ser humano, um ser humano que tem temores e receio a fazer algo que possa me prejudicar e me colocar em risco em varias circunstância. Então temos que limitar o nosso medo. Mas limitar o medo não é permitir que o medo possa me impedir de fazer “aquilo”. Então você reconhecendo o medo, você vai entendê-lo criticamente. Reconhecer o medo limita sua ação e permite que você chegue a uma posição muito crítica sobre a sociedade em que você vive.

Fonte:
Freire, Paulo e Shor, Ira. Quais os temores e os ricos da transformação? In: Freire, P. e Shor I, Medo e Ousadia. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1986, pp.67-93.



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