quarta-feira, 20 de abril de 2011

A criança

Ilustre Castro Alves. Considerado o poeta Abolicionista e faz parte da terceira geração romântica. Os seus poemas têm como escopo as questões sociais, abolicionistas, republicanas e de cunho libertário. Usava muitas hipérboles para transmitir seus pensamentos sobre o abolicionismo. E, Podemos ver isso em seu poema que segue abaixo.





Que tens criança? O areal da estrada
Luzente a cintilar
Parece a folha ardente de uma espada.
Tine o sol nas savanas. Morno é o vento.
À sombra do palmar
O lavrador se inclina sonolento.


É triste ver uma alvorada em sombras,
Uma ave sem cantar,
O veado estendido nas alfombras.
Mocidade, és a aurora da existência,
Quero ver-te brilhar.
Canta, criança, és a ave da inocência.


Tu choras porque um ramo de baunilha
Não pudeste colher,
Ou pela flor gentil da granadilha?
Dou-te, um ninho, uma flor, dou-te uma palma,
Para em teus lábios ver
O riso — a estrela no horizonte da alma.


Não. Perdeste tua mãe ao fero açoite
Dos seus algozes vis.
E vagas tonto a tatear à noite.
Choras antes de rir... pobre criança!...
Que queres, infeliz?...
— Amigo, eu quero o ferro da vingança

(Castro Alves)

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Camille Miranda 
(Magistri- Blog)



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